Tire Férias do seu carro!
- Rosa Carvalho
- 6 de jan. de 2015
- 2 min de leitura
São Paulo é uma cidade complicada, mas por vezes fica até mais fácil, a depender da distância, chegar a um destino de transporte público ou a pé. O problema é desacostumar do automóvel.

Se você está lendo essa revista no mês em que ela foi publicada, janeiro, deve ter percebido que o trânsito de São Paulo está melhor do que nunca – ou, pelo menos, muito melhor do que você imaginava.
Não se assuste, se eu lhe disser que o trânsito paulistano é muito melhor do que se costuma pensar – em janeiro. A calmaria é por causa das férias escolares, que vão até fevereiro. Apesar de não parecer tão significativo, o trânsito gerado pelos pais que levam os filhos à escola é responsável por 20% do congestionamento da cidade. E 30% dos motoristas que usam o carro afirmam que o fazem só para levar as crianças à aula.
Entendo pais e mães quererem manter esse laço diário com os filhos. Eu mesmo mantenho esse hábito. Mas convém pensar se não seria melhor fazer diferente. O congestionamento de nossas cidades sugere que uma alternativa poderia deixar as duas gerações mais felizes.
Não é preciso inventar nada: podemos copiar o que fazem os japoneses e americanos. Quem sabe damos um passo a mais rumo ao tão desejado primeiro mundo. Se os pais pensassem em socializar a tarefa, revezando com outros pais (o que os americanos chamam de “carpool”), ou utilizando vans ou – por que não? – o transporte público, ajudariam a desafogar o congestionamento e ainda reduziriam o desgaste com congestionamentos.
Quem mora perto da escola poderia levar os filhos a pé. No Japão, por exemplo, as crianças fazem o percurso sozinhas. Os muito pequenos são acompanhados de um ou dois pais que se oferecem para a tarefa. Está certo que lá o poder público e a sociedade como um todo se responsabilizam pela segurança das crianças durante esse deslocamento; mas, em São Paulo, organizações do terceiro setor como a iniciativa Caminho Escolar de Paraisópolis também colocam isso na pauta. Preocupados com a qualidade do espaço público na mobilidade, a ONG desenvolve um projeto na favela para melhorar a rota das crianças até o colégio.
Segundo os estudos que orientam a entidade, a criança que anda a pé ou de bicicleta tem melhor desempenho escolar, vive mais intensamente o caminho para a escola e, por isso, tem mais experiências para viver e narrar. Em outras palavras, tem melhor aprendizado ao chegar à escola.
São Paulo é uma cidade complicada, mas por vezes fica até mais fácil, a depender da distância, chegar a um destino de transporte público ou a pé. O problema, na verdade, é desacostumar do automóvel. Se você é um desses pais que só tiram o carro da garagem na época de levar os filhos à escola, que tal aproveitar as férias e aposentar definitivamente o hábito de frequentar congestionamentos? A cidade, você e até o seu filho vão agradecer.
Por Leão Serva
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