O feliz fim de Costa e Silva, o Minhocão.
- Rosa Carvalho
- 25 de nov. de 2014
- 2 min de leitura
O destino do Minhocão continua uma incógnita, mas projetos e ideais não faltam para mudar o atual estado desse emblemático elevado.

“Temos que lembrar que mais de 90% da poluição de São Paulo vem da queima dos combustíveis dos carros que estão circulando”, começou Daniel Guth, na sua fala durante o evento que discutiu o futuro do Minhocão, em outubro. Guth, consultor na área de mobilidade urbana, é diretor da associação Ciclocidade.
Desde que o novo Plano Diretor de São Paulo anunciou que o Elevado deve ser desativado num futuro próximo, as redes sociais alimentam uma polêmica sobre o fim da via expressa, pela qual passam 40 mil carros por dia.
Em outubro, a discussão virtual tomou o espaço público – o próprio Minhocão – e alguns formadores de opinião foram explicar por que seria bom para a cidade inutilizar a via para os carros, transformando-a, por exemplo, em um parque.
Além de criar mais um espaço público na capital paulista, o parque ajudaria a inverter a lógica da poluição levantada por Guth, retirando carros para dar lugar às árvores naquela região. Isso não quer dizer que os automóveis serão eliminados: pode-se argumentar que, mesmo sem o Minhocão, os automóveis continuarão existindo e, de lambuja, piorarão o trânsito da área. Mas a eliminação de vias, aliada à disponibilização de transportes público e alternativo, faz com que as pessoas optem por outros meios de locomoção. Só assim o cidadão pode testar outras maneiras de andar na cidade, percebendo que o carro não é tão essencial assim.
Eliminar ruas e avenidas, ou então faixas de rolamento para carros, pode parecer autoritário, mas não é. Afinal, a cidade de São Paulo é totalmente voltada para o automóvel. O que o poder público parece querer fazer, aos poucos, é introjetar uma nova lógica de locomoção e divisão do espaço – exercendo assim uma conduta na realidade mais democrática de acesso à cidade, porque permite que pedestres e ciclistas também se apropriem dela.
Em geral, esse é o argumento dos que defendem que o Minhocão vire um parque. Mas há, também, quem queira que ele seja derrubado. Primeiro porque, se virar um parque, sua estrutura continuará fazendo sombra na rua que corre abaixo, de modo que o trajeto permanecerá escuro e, por isso, mais inóspito e inseguro. Segundo, que vários moradores da região não aguentam mais a presença dessa barbaridade arquitetônica no seu horizonte sejam em forma de via expressa ou mesmo de parque.
‑De qualquer forma é preciso, como afirma o vereador Nabil Bonduki (PT), redator do Plano Diretor de São Paulo, pactuar uma solução entre os que querem o parque e os que querem a demolição. A polêmica pode ser solucionada a partir de um projeto que mescle, por exemplo, as duas vontades, derrubando uma parte do Elevado e na que restar construir um parque. A ver.
por Maria Shirts
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