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Na intimidade do 1º casal do mundo

  • Rosa Carvalho
  • 15 de jul. de 2014
  • 2 min de leitura

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POR XICO SÁ

Adiós, Copa. Hora de voltar ao nosso assunto predileto: o amor e suas loucuras. E nada melhor do que voltar lá na origem da confusão toda. Falo de Adão e Eva.

Voltar à primeira segunda-feira em que o primeiro homem percebeu a existência da futura amada, cria da sua bíblica costela:

“Esta nova criatura de cabelos longos está sempre no meu caminho e me seguindo para cima e para baixo. Não gosto disso, não estou acostumado a ter companhia. Preferiria que ficasse com os outros animais…”

Um começo nada promissor para a humanidade, não é mesmo? Mas ponha-se no lugar do velho e bom Adão. Não deve ter sido nada fácil o começo da convivência. Se hoje ainda não é moleza, imagina ser surpreendido com uma nova criatura ao seu lado. Assim do nada, no meio daquele matagal todo.

“Hoje está mudando e o vento sopra do leste; acho que nós vamos ter chuva…Nós? De onde tirei essa palavra? Ah, me lembro agora, é a nova criatura que usa”, prossegue Adão, o macho inicial, portanto, o primeiro machista.

A minha fonte seguríssima são os “Diários de Adão e Eva” (ed. Hedra), de Mark Twain, a pena mais rápida e ferina do oeste, traduzido por Hanna Betina Gotz e Sergio Romanelli.

Vivia procurando um livro mais engraçado que “Dicas Úteis para uma Vida Fútil – Um Manual para a Maldita Raça Humana” (ed. Relume Dumará). Encontrei. Coincidência: é do mesmo gênio americano da sátira.

O homem do terno branco viveu entre 1835 e 1910. O cotidiano de Adão e Eva, porém, imita, nesse incrível drama da convivência, qualquer casal moderno de hoje. A essência está lá.

“Domingo. Aguentei firme. Este dia está ficando cada vez mais difícil. Foi escolhido, em novembro passado, para ser o dia de descanso. Eu já tinha seis desses dias por semana. Esta manhã, encontrei a nova criatura tentando apanhar maçãs da árvore proibida”.

Assim seguem os fragmentos do diário do primeiro macho sobre a terra. Mais adiante, é hora de Eva relatar a sua experiência sobre a convivência:

“Ele fala bem pouco. Talvez seja porque não é muito inteligente e, como é muito sensível em relação a isso, tenta disfarçar”, escreve a fêmea.

Lá para as tantas, Eva tem a sua decepção inaugural:

“Quinta-feira. Minha primeira mágoa. Ontem ele me evitou e pareceu querer que eu não falasse mais com ele. Não pude acreditar.”

Nada que não seja igualzinho à vida de qualquer casal do ano da graça de 2014. A diferença é que hoje, caro Michel Laub, a maçã é mais envenenada.

 
 
 

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